Carta de uma parafusada

Essa é uma carta aos familiares, amigos, colegas e pessoas que fazem parte da vida de um guerreiro da escoliose:

"Querido amigo, peço mais compreensão. Eu não consigo sair tantas vezes e acompanhar o seu ritmo. Me desculpe eu tenho a coluna parafusada. Sabe... Eu sinto dor nas costas, e canso muito rápido. Às vezes sou chata e quero sair dos lugares mais cedo, mas por favor entenda: eu sou portadora de escoliose.

Amados familiares, não sou preguiçosa. Não é que eu não queira fazer nada, eu tento, mas fazer algumas atividades em casa me deixa dolorida. Vocês não sabem o esforço que faço para levantar todos os dias e tentar fazer todas as atividades que tenho de cumprir... Não uso a escoliose como desculpa para meu mal desempenho na escola, ela realmente dói, e alguns colegas fazem piadas e brincadeiras de mal gosto sobre mim. Pais, vocês não sabem como é difícil ser eu.

Colegas, vocês não sabem como magoam me chamando de torta, feia, magra demais. Dói ser zombada. Desculpem, eu não pedi para ser assim. Eu nunca quis ter a coluna torta!

Caras pessoas que, de alguma forma fazem parte da minha vida, tenham paciência comigo, não é fácil carregar essas hastes e parafusos. Alguns dias eu ando mais devagar. Tem dias que dói muito e eu não consigo acompanhar o ritmo e o movimento. Pode ser que eu atrapalhe alguém. Eu juro não é de propósito. É que me abriram, parafusaram minhas vértebras e às vezes isso dói muito.

Por favor, tentem entender o que se passa comigo. É muito fácil me julgar. É tão fácil dizer que eu "tenho que superar isso". O difícil é você estar no meu lugar e entender todo meu sofrimento para ser uma pessoa aceita como normal na sociedade. Complicado passar por tudo o que passei... Portanto, peço de todo coração mais compreensão por favor.

Ass.: Alguém com escoliose

(Esse texto é apenas fictício, porém retrata de forma dolorosa o sentimento e realidade de vida de muitos portadores dessa doença).

Mais compreensão, por favor!