Cirurgia depois da gravidez - História de Fernanda Almeida

Boa noite queridos leitores do blog! A história que vou repassar hoje é um lindo relato de força e coragem da Fernanda, ela tem 26 anos, é de Belo Horizonte em Minas Gerais e segue a página no Facebook. Acredito que a experiencia dela vai servir de ajuda e incentivo para muitos que estão procurando coragem para fazer a cirurgia, especialmente para aquelas guerreiras que tem filhos e estão preocupadas sobre precisar operar. Segue abaixo esta emocionante narrativa que ela me contou.

                                   

"Em dezembro de 2014 eu grávida de 5 meses (Matheus Felipe minha benção) com muitas dores nas costas fui pra maternidade na certeza que eu estava com pneumonia. Passei na triagem, depois pelo médico e ele me pediu um raio-x (grávidas não podem fazer raio-x, só que no meu caso era preciso aí eles protegeram a barriga com um colete). Assim que a moça viu o exame me disse que eu tinha escoliose. Como assim escoliose? O que é Isso? Nunca ouvi falar, aí foi eu falar com o médico, não tinha nada de pneumonia, as dores que eu sentia era por causa da escoliose. Ele me deu um pedido pra passar no ortopedista e me disse pra eu cuidar porque se não meu filho ia nascer eu não iria conseguir cuidar dele.

Enquanto isso eu comecei a pesquisar na internet sobre a escoliose, mais com a gravidez não dei muita importância pois tinha as coisas do enxoval que eu tinha que cuidar. Em abril de 2015 meu filho nasceu, parto normal, sem complicações, meu filho nasceu saudável. Quando foi maio de 2015 minha primeira consulta com o ortopedista foi marcada, o médico me fez algumas perguntas, se eu conseguia cuidar do meu filho sozinha, fazer as coisas em casa, eu disse que sim. Então ele resolveu me mandar pra um ortopedista especialista em coluna, foi aí que eu entrou o anjo na minha vida; Eduardo Beraldo Garcia especialista em coluna conhecidíssimo aqui em Belo Horizonte (tem pessoas que esperam anos pra consultar com ele, eu consegui com um mês)!

Fui na primeira consulta ele me pediu um raio-x panorâmico da coluna que não faz pelo SUS, só particular... Paguei R$ 280,00 (esqueci de falar que eu não estava trabalhando) levei o exame pra ele ver, mostrou 58° de curvatura torácica. Foi quando eu vi que era sério, ele disse que o meu grau já tava muito avançado e a única solução era cirurgia... Eu me apavorei, vi casos de pessoas que fizeram essa cirurgia e não andaram mais, fiquei angustiada! Aí comecei a consultar com ele de mês em mês.

Na consulta de outubro ele me pergunta se já pode marcar a cirurgia, eu falei que sim, ele então marcou dia 10 de dezembro de 2015. Enquanto isso eu fui em tantos lugares, era pra autorizar a cirurgia, reservar leito, reservar bolsas de sangue... Muita burocracia, mesmo com tanta coisa pra resolver eu agradecia a Deus porque a minha cirurgia saiu muito rápido, conheço pessoas que demoraram anos pra conseguir! O tempo foi passando e chegou 9 de dezembro, dia da minha internação, meu filho estava com apenas 7 meses, eu pensei em desistir porque ainda amamentava, chorei muito mas fui...

Deixei meu filho com avó paterna. Enfim internei as 7 h da manhã acompanhada da minha mãe, terminei de resolver os assuntos do hospital e quando foi 19 h minha mãe foi embora pra voltar no dia seguinte. Passei por uma noite angustiante, meus seios vazavam muito leite, chorei a noite toda. Então 5h30 da manhã a enfermeira me acorda, tomei banho e 6h30 desci pro bloco. 7h30 começaram a chegar os médicos, eu estava em prantos, a enfermeira conversou comigo tentando me acalmar, foi quando chegaram os anestesistas Ana Júlia e Lucas.... Me lembro só de pedir a ela pra ficar comigo até na hora de acabar e não deixar eu morrer, ai já não lembro mais, apaguei... 

Minha mãe conta que eu saí do bloco 20h30 da noite, eu lembro como se fosse um sonho eu chamando meu filho, ela disse que eu estava muito amarela, muito inchada. Fui direto pro CTI e lá fiquei 3 dias, posso te dizer que foram os piores dias da minha vida, não sabia o que era dia, o que era noite, as dores eram insuportáveis. Usei fraldas, só conseguia movimentar da cintura pra baixo, oxigênio no nariz, um monte de aparelhos, muito inchada... 

Sem dúvidas foram os piores dias da minha vida... As visitas no CTI eram 15 h e 21 h, minha mãe ia em todas. Eu tive muitas alucinações, operei na quinta, na segunda me liberaram pra subir pro quarto, na minha primeira noite no quarto eu achei que ia morrer, senti uma dor que eu não tinha forças pra respirar, pra chorar... No CTI eu ainda podia tomar morfina, no quarto só estava prescrito Dipirona. Nessa noite eu achei que ia morrer. Enfim os dias foram passando minhas companheiras de quarto me encorajando e no quinto dia que eu estava internada eu andei a primeira vez,que emoção! Foi como se tivesse aprendido a andar naquela hora, tomei meu primeiro banho em pé, minha recuperação tava sendo ótima! 

No nono dia de internação o médico me deu alta, que felicidade eu iria ver meu filho! Emagreci acho que uns 10 kg. Tiveram pessoas que não quiseram ir me ver com medo da reação deles porque eu estava muito feia, meu filho não me reconheceu... Tive várias recomendações... Fiquei 4 meses sem carregar meu filho, um mês ganhando banho das minhas irmãs, não conseguia carregar travesseiro, prato ou copo, só deitada, mas o pior já tinha passado, graças à Deus e ao meu anjo Doutor Eduardo Beraldo Garcia.

Fernanda e Matheus

Antes e depois da cirurgia

                 

Resumindo (não tanto kkk) Hoje eu vivo normalmente, claro que tenho minhas limitações, afinal foram 22 parafusos! Como a minha história é um pouco grande aí não sou de ficar contando assim pra todo mundo, mas vi tantas histórias lindas aqui que resolvi contar a minha. As vezes pras outras pessoas pode não significar nada, mas só a gente que passou sabe como foi! Eu fiquei 13 h dentro do bloco cirúrgico, foram 22 parafusos e 2 hastes de Titânio, perdi massa muscular, tive que tomar 2 bolsas de sangue, fiquei cheia de hematomas, mas enfim como aquela frase que eu vejo muito aqui na página 'Daquela dor só me restou a cicatriz'.

Até o próximo post!