Convivendo com a escoliose - Uma história de superação

Boa tarde guerreiros, hoje vou compartilhar um relato que particularmente me emocionou muito. É comum que arranjemos desculpas para não sermos fortes, para nao encararmos alguns problemas, não é mesmo? Mas se pararmos pra pensar, temos uma grande força dentro de nós. A escoliose não deve ser uma "desculpa", mas sim um "impulso" para que possamos seguir em frente e realizarmos nossos sonhos. 
Deixo com vocês então a linda história de superação da Luci Roque:

Ela é de Blumenau - SC



"Olá.
Meu nome é Luci, tenho trinta anos e uma escoliose de 58 graus. As curvas dessa minha história começaram cedo. Com apenas 10 anos eu descobri minha escoliose dorso lombar na casa dos 20 graus. Fui indicada (o que acredito ter sido erro do médico) para uso do colete Milwaukee. Acredito que tenha sido um erro, pois foi o único tratamento indicado. Eu não fiz uma fisioterapia, um RPG, nada... Só o colete. 
Foram dois anos, uma depressão, 50 quilos a mais e a curvatura chegando aos 40 graus. Escutei do médico que se eu não tivesse usado o colete seria pior. Desisti do tratamento e carreguei minha coluna e meus muitos quilos a mais. Eu jogava vôlei e era uma criança ativa. Vi muitas coisas irem embora com esse colete. 
Por mais de 20 anos, eu tive a certeza de que jamais seria a mesma... A frase “eu não posso por causa da coluna” virou minha companheira de todas as horas. Eu já tinha aceitado que não podia fazer muitas coisas, praticar atividade física então, nem pensar. 
O que parecia ruim piorou um pouco mais na minha primeira gravidez aos 20 anos. O excesso de peso e a curvatura já passando dos 50 graus fizeram com que eu tivesse uma gestação com muitas dores e de alto risco. Nas ultimas semanas eu praticamente não conseguia andar.  Após o nascimento da minha filha eu não consegui eliminar peso e a desculpa sempre era a mesma... Eu não posso fazer exercício, como que vou emagrecer? Assim, eu cheguei aos 120 quilos, com uma escoliose de 58 graus com apenas 1,60 de altura.  Minha perspectiva de vida era zero. Depressiva, obesa e com dores cada vez mais fortes.  
Passei então a sentir fortes dores no peito. Dores terríveis mesmo. Depois de passar por muitos médicos, descobri que não era nada cardíaco, mas sim minha coluna começando a comprimir meu pulmão direito, o que causava esse dor alucinante que eu tinha. Dor essa, que só passava tomando medicação na veia no pronto socorro. Nessa fase, eu tinha apenas 22 anos. 
Foi então que decidi que precisava voltar a tocar no assunto da coluna, voltar a procurar um especialista e ver o que podia ser feito. O médico foi incisivo. Eu tinha que fazer uma cirurgia de redução de estomago. O veredicto foi: ou eu fazia ou eu parava de andar. Minha coluna não iria aguentar mais. Infelizmente, mesmo perdendo peso, as dores não cessaram.  Mas essa perda de peso me possibilitou aos poucos poder voltar a me movimentar. Aos 28 anos comecei pela primeira vez a fazer RPG e Pilates. As primeiras semanas foram terríveis e eu realmente não acreditava que ia dar resultado. Mas aos poucos vi aquelas dores passarem de quase diárias para semanal, quinzenal e assim por diante. Mas isso não foi o que mais marcou minha jornada. Eu fazia esses exercícios por obrigação, de forma alguma gostava de pratica-los. E eu sabia que se eu não fizesse alguma coisa que eu gostasse de verdade sem me machucar eu ria voltar a engordar. 
Foi então que eu descobri a bicicleta.  Meu marido gosta muito de pedalar e sempre ficava chateado porque eu não ia com ele. Eu me escondia por traz da coluna e dizia pra ele que nisso eu nunca poderia ser parceira.  
Até que um dia, de tanto ele insistir, eu fui. Eu tinha uma bike daquelas antigas pesadas e logo de cara, ele me jogou num pedal de mais de 30 km (queria matar ele, rssrrs). Mas esse dia foi libertador. Eu consegui. Simplesmente eu consegui! 
Pedalei com ele e tinha certeza que no outro dia eu não ia conseguir nem andar, assim como tinha acontecido por varias vezes quando tentei praticar outros esportes. Mas isso não aconteceu. Eu não tive dor na coluna nem no dia nem no outro, e pela primeira vez na minha vida eu percebi que eu podia sim. Que ainda existia alguma coisa que eu poderia fazer sem morrer de dor. 
Comprei uma bike melhor, mais leve e moderna, criei gosto pela coisa. Eu lembro do dia em que eu subi meu primeiro morro. Eu sou cristã e no meu celular tocava uma musica que dizia assim “Se Deus está conosco, quem pode nos deter, se Deus está conosco, não há o que temer...” e eu me lembro de chegar ao topo daquele morro com essa musica nos meus ouvidos e eu cantava alto junto com ela.  Eu lembrei no alto daquele morro, de quanto eu tinha 11 anos e usava o colete na escola, e que colocaram uma foto minha em uma lata de refringenteescreveram “enlatada” e colocaram em vários locais da escola, e aquilo não me feria mais. Eu era muito mais que uma “enlatada”.  Naquele dia eu percebi que as limitações que eu tinha poderiam sim ser superadas e que eu poderia fazer muito mais do que acreditava. 



Pode parecer pouca coisa, mas para nós que enxergamos nossa imagem tortinha refletida no espelho, que a escoliose teima em marcar presença sempre que aquela roupa que você queria tanto usar não fica boa, para nós que crescemos pro lado errado, por assim dizer, que sofremos com dores e preconceitos... Pra nós qualquer vitória significa muito. 
Hoje, já faz mais de um ano que eu não tenho crises de dor. Estou gravida da minha segunda filha e graças a Deus, essa gravidez está mil vezes melhor que a primeira. Nunca mais fui parar no pronto socorro. O que eu queria dizer contando um pouco da minha história é que eu aprendi a conviver com a escoliose. Eu não me vejo fazendo a cirurgia e admiro muito quem a fez, mas sinto que não é pra mim. Quero dizer que você pode. Você pode muito mais do que imagina. Essa curva não define o seu potencial. 
Acredite. Fiquem com Deus. "


Até o próximo post!

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